sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

BARROCO NO BRASIL

O barroco no Brasil coerrespondeu à consolidação de uma aristocracia colonial brasileira, que resultou de uma série de eventos que marcaram a História do Brasil durante o século 17 e a primeira metade do século 18:
A presença cada vez mais acentuadas de comerciantes estrangeiros;
As transformações sociais , econônomicas e culturais, provocadas pelas invasões francesas e holandesas;
O apgeu e o declínio da cana-de-açúcar no Nordeste;
A ação dos bandeirantes e da descoberta do ouro, principalmente na região de Minas Gerais.

Costuma-se assinalar "Prosopopeia", de Bento Teixeira (1601), e o seu final, com a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa (1768)
A poesia barroca atravessou três fases no Brasil.

1° fase: Propões-se a enaletecer os grandes feitos de heróis, como o donato da Capitania de Pernambuco, Jorge e Albuquerque Coelho.
2° fase: Começa a surgir uma poesia com características brasileiras, mas ainda continua a influência comoniana e espanhola.
3° fase: caracteriza-se pelo exagero e pelo aparecimento das academias literárias: Academia Brasílica dos Esquecidos, Academia dos Nobres, Academia dos seletos, etc.

Aos vícios
eu sou aquele que os passados anos
cantei na minha lira maldizente
Torpezas do brasil, vícios e enganos

Qual homem pode haver tão paciente,
Que vendo o triste estado da Bahia
Não chore, não suspire e não lamente ?

O néscio, o ignorante, o inexperto,
Que não elege o bom, nen mau reprova
Por tudo passa deslumbrado e incerto.

E quando vê talvez na doce trova
Louvado o bem, e o mal vituperado
A tudo faz focinho, e nada aprova

Diz logo prudentaço e repousado:
- Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado

Nescio, se disso entendes nada ou pouco,
como mofas com riso e algazarras
Musas, que estimo ter, enquanto as invoco.

Se souberas falar, também falaras
também satirizaras, se souberas,
e se foras poeta, poetizaras

A ignorancia dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outro prudentes
Que a mudez canoniza bestas feras.

Há bons, por não poder ser isolentes
Outros há comedidos, de medrosos,
Não mordem outros não - por não ter dentes.

Quantos há que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos ?

Vocabulario:

Lira: Instrumento musical muito antigo
Torpezas: baixegas
Néscio: Bobo, ignorante
Inexperto: Inexperiente
Deslumbrado: Ofuscado, perturbado, inseguro
Trova: Canto, canção
Vituperado: Censurado, desaprovado
Faz focinho: faz cara feira
Mofas: zombas
Musa: Deusa inspiradora do poeta
Era: Época
Sisudos: Ajuizados
Canoniza: Consagra, enaltece, Louva
Isolentes: Atevidos
Comedidos: Moderados

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Barroco em Portugal

A palavra barroco designa, de modo geral, as varias manifestações artísticas do século 17 e início do século 18: na arquitetura, na literatura, na música, na escultura, etc. Suas características são:

Na artes em geral:

Valorização do espiritual ( o classicismo anterior revalorizou os ideais pagãos);
Exagero de detalhes, cores vivas;
Jogo de sombras e de luzes;
Linhas diagonais, curvas e assimétricas;


Na literatura:

O barroco preocupou-se com: a brevidade da vida,o pessimismo perante a vida, a morte, a religião como alivio para as angústias.
A literatura barroca procurou conciliar o espiritualismo medieval com o materialismo do classicismo renascentista, numa tentativa de equilibrar os contrários. Assim, é comum encontrarmos, em sua temática, a abordagem dos contrários: o divino e o humano, o bem e o mal, o pecado e a virtude, a vida terrena e a vida eterna,o sagrado e o profano, a busca de Deus e as solicitações humanas, o amor puro e o pecado, a dúvida e a certeza, o sublime e o grotesco.

Quanto á linguagem, é frequente no Barroco o emprego de:

Antíteses;
Comparações;
Trocadilhos e inversões;
Metáforas
Frases interrogativas;
Vocabulário elevado e rico;
Gradação de palavras;
Repetições constantes;
Debiedade de sentidos.

Principais autores porgugueses:

Padre Antônio Vieira, Francisco Manuel de Melo, Francisco Rodrigues Lobo, Antônio José da Silva, Sóror Mariana Alcoforado e Padre Manuel Bernardes.

O mais representativo deles foi o Padre Antônio Vieira, que pertenceu tanto ao barroco português quanto ao barroco brasileiro. É, na prosa, a figura barroca mais eminente.

Em sua obra encontramos: História do futuro, Esperanças de Portgual, cerca de 500 cartas e os famosos Sermões ( cerca de 200 ). Nos Semões, Vieira aborda varios assuntos: a questão dos índios escravizados ( Sermão de Santo Antônio ), a invação holandesa no Brasil, em 1640, a arte de pregar, etc.

Padre Antônio Vieira:

O Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e faleceu na Bahia, em 1697.

De linhagem nobre, veio para o Brasil ao seis anos e, ainda muito jovem, ingressou na Compahia de Jesus ( jesuítas ) na Bahia. Ordenado sacerdote, tornou-se o maior orador sacro da Europa e um dos maiores escritores do século 17.

Participou ativamente dos problemas sociais de sua época, colocou-se contra os colonos que escravizavam os índios, defendeu os judeus, lutou contra a inquisição, exerceu funçoes diplomáticas no estrangeiro, foi superior do Colégio dos Jesuítas do Maranhão, lutou pela emancipação dos índios e visitou missões indígenas por longos anos. Por causa da revolta dos colonos do Pará, foi deportado juntamente com outros jesuítas, em 1661. Vieira viveu entre Brasil e Portugal de 1641 a 1681, passando os últimos anos de sua vida no Brasil, como superior das missões.

Classicismo

o Renascimento foi um amplo movimento econômico/ cultural e científico/ surgido na Itália/ em fins da Idade Média/ e que rapidamente se espalhou por toda a Europa/ onde se vivia sob o seguinte contexto: necessidade de caminhos marítimos para o Oriente/ em busca de especiarias; grande avanço científico/ que proporcionou as grandes navegações; a nova concepção do homem e o questionamento de algumas práticas da Igreja Católica. Nesse período/ houve um notável florescimento das artes/ que substituíram o primitivismo medieval pela noção de perspectiva/ pela multiplicação das cores e pelo maior equilíbrio com que as formas humanas passaram a ser retratadas. Desse mesmo modo/ a literatura clássica também refletiu um espírito novo/ mais centrado no ser humano/ nos seus problemas e nas suas conquistas. Essa visão antropocêntrica/ na verdade/ não surgiu pela primeira vez no Renascimento/ pois os antigos gregos já tinham construído uma sociedade baseada nela. Daí o nome Renascimento - uma associação ao ressurgimento de alguns valores que haviam caracterizado a cultura greco-romana clássica.

À luz dessas idéias, iniciou-se, no século XVI, o movimento literário chamado Classicismo.

Em Portugal, o Classicismo teve como marco inicial o ano de 1527, com o retorno de Sá de Miranda da Itália, e como marco final, 1580, ano em que Portugal passou para o domínio espanhol. Sá de Miranda traz até seu país um novo ideal de poesia: a medida nova - os sonetos de versos decassílabos, já cultivados por Dante Alighieri e Petrarca na Itália.

CARACTERíSTICAS DO CLASSICISMO


1. Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antigüidade, como Homero, Virgílio, Ovídio, etc., valorizando, além do soneto, as epopéias.
Observe a semelhança entre os primeiros versos de Os Lusíadas (Camões, século XVI) Eneida (Virgílio, antigüidade Clássica).
Os Lusíadas
As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia lusitana, Cantando espalharei por toda parte.
ENEIDA
Canto as armas e o varão Que foi o primeiro a vir Das praias de Tróia.

2. Uso da mitologia
Os deuses e as musas, inspiradores dos clássicos gregos e latinos, aparecem também nos clássicos renascentistas.
Por exemplo, em Os Lusíadas, Vênus (a deusa do amor) e Marte (o deus da guerra) protegem os portugueses nas suas conquistas marítimas, ao passo que Baco (o deus do vinho) tenta atrapalhá-Ias e destruí-Ias

3. Predomínio da razão sobre os sentimentos
A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismo e de figuras, porque procura filtrar, através da razão, todos os dados fornecidos pela natureza e, desta forma, expressar verdades universais.

4. Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excessos de figuras literárias

5. Idealismo: busca da perfeição estética, da pureza das formas e dos ideais de beleza.
Os clássicos abordam como tema o homem ideal, liberto de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopéias são apresentados como seres superiores verdadeiros semideuses, sem defeitos.
Por exemplo, Vasco da Gama, em Os Lusíadas, é um ser dotado de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro, admirado pelos próprios deuses

6. Amor platônico
Os poetas clássicos revivem a idéia de PIa tão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
Amor é brando, é doce, é piedoso; Quem o contrário diz não seja crido.
Camões

7. Busca da universalidade e impessoalidade
A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas, e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.
Epopéias são poemas longos sobre feitos grandiosos e heróicos, como foram as grandes descobertas marítimas dos portugueses. São epopéias famosas da antigüidade clássica:
Ilíada e Odisséia, de Homero; Eneida, de Virgílio; e na Idade Moderna temos Os Lusíadas, de Camões.

Cronologia do período humanista


Humanismo

Chamou-se humanismo o movimento cultural iniciado na Itália e que se espalhou pela Europa, no período que corresponde à transição da Idade Média à Idade Moderna.

A partir da Tomada de Ceuta em 1415, os navegantes portugueses chegaram à África, à Ásia e à América. Essa nova realidade mercantil provocou uma crise no sistema feudal e no pensamento religioso, que levou o teocentrismo a ceder seu lugar ao antropocentrismo, isto é, o ser humano no centro da vida humana. Essa nova visão refletiu-se nas grandes obras do período, que tinham como centro de interesse o próprio ser humano.

Entre os fatores que contribuíram para tal mudança podemos apontar:
a) A ampliação do mundo conhecido através das grandes navegações;
b) A ascensão da burguesia voltada para o comércio e para a vida material;
c) A invenção dos tipos móveis na imprensa por Gutenberg, que facilitou a divulgação das obras clássicas, até então copiadas a mão, pelos monges nos mosteiros.

As manifestações literárias mais significativas do período humanista em Portugal foram:
- Na historiografia - as obras de Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurara e Rui de Pina;
- Na poesia - as obras de João Ruiz de Castelo Branco.

- o teatro - as obras de Gil Vicente.

Fernão Lopes pode ser considerado o criador da historiografia em Portugal. Em 1418, foi nomeado arquivista oficial da Torre do Tombo, onde são guardados os documentos históricos do país. Em 1434, foi promovido a cronistamor, passando a escrever a história dos reis de Portugal. Embora tivesse de centralizar a sua crônica nos reis, teve o mérito de investigar as relações sociais que movimentam o país, além de captar o sentimento coletivo do povo português. Devido ao posto que ocupava na Torre do Tombo, pôde fundamentar suas idéias com documentos escritos, o que constitui uma das bases da historiografia moderna. Suas principais obras são: Crônica de D. Pedra, Crônica de D. Fernando e Crônica de D. João I.

Gil Vicente é considerado o criador do teatro popular em Portugal. Sua primeira apresentação, em 1502, foi o Auto do vaqueiro ou o Auto da visitação, dedicada ao filho recém nascido do rei D. Manuel, no quarto de D. Maria, esposa do rei.

O teatro de Gil Vicente baseia-se principalmente na sátira (as farsas), que ele utilizava para criticar e denunciar os erros, a corrupção e a falsidade de todas as camadas sociais: da nobreza, do povo e do clero - apesar de ser uma pessoa profundamente religiosa.

Sua produção contém 44 obras e sua galeria de tipos humanos é imensa: o padre corrupto, o cardeal ganancioso, o sapateiro que explora o povo, a beata, o médico incompetente, os aristocratas decadentes, etc. Seus personagens não têm nome - são sempre designados pela profissão, assim registrando os tipos sociais que faziam parte da sociedade da época.

Suas principais obras são: Monólogo do vaqueiro ou Auto da visitação, Trilogia das barcas (Auto da barca do inferno, Auto da barca do purgatório, Auto da barca da glória), Auto da alma, Farsa de Inês Pereira, Juiz da beira, Auto da feira, Quem tem fareI os?, Auto da Lusitânia, Auto da índia e Floresta de enganos (sua última peça).

AUTO DA LUSITÂNIA

Ninguém: Que andas tu aí buscando?

Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.

Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?

Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.

Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.

Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.

Dinato: Que escreverei, companheiro?

Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
e Todo o Mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.

Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.

Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.

Belzebu: Escreve mais.

Dinato: Que tens sabido?

Belzebu: Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.

Ninguém: Buscas mais, amigo meu?

Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.

Belzebu: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte?

Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.

Belzebu: Escreve com muito aviso.

Dinato: Que escreverei?

Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.

Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.

Dinato: Quê?

Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.


Vocabulario

Perfiar: Procurar
Como hás nome: Como te chamas
Eu hei nome: Eu me chamo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Trovadorismo

CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL

As origens da literatura portuguesa remontam ao século 12, quando Portugal se constituiu como um país independente. Nessa época, com a unificação da linguagem de Portugual e Galiza, passou-se a utilizar a língua galego-portuguesa.

Dois traços marcantes devem ser lembrados para uma visão da sociedade da época: o teocentrismo, no plano religioso, e o feudalismo, no plano político-econômico.

Com o teocentrismo, isto é, a centralização da vida humana em Deus, expressava-se a intensa religiosidade.

Com o feudalismo, os nobres que possuíssem feudos exerciam os poderes do governo por meio de um sistema de vassalagem, que era baseado numa espécie de contrato que implicava obrigações. Os vassalos obedeciam ao senhor e o serviam pela proteçãop e ajuda econômica que dele recebiam. Esse sistema de vassalagem refletiu-se na poesia trovadoresca, principalmente nas cantigas de amor, em que o trovador se colocova normalmente na condição de vassalo diante da dama.

É uma cantiga de amor o primeiro documento literario português, datado de 1189 ( ou 1198 ). Trata-se da " Cantiga da Ribeirinha " ( ou " da Guarvaia" ), do poeta Paio Soares de Taveiros dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha.
Esse poema assinala o início da época trocadoresca que se estende até 1418.
Os poetas dessa época eram chamados de trovadores.

TIPOS DE CANTIGA:

Havia dois tipos de cantigas:

1) A cantiga lírico-amorosa, que se subdividia em cantiga de amor e cantiga de amigo.

2) A cantiga satírica que podia ser de escárnio ou de maldizer. Veja, a seguir as principais características de cada uma.

CANTIGAS DE AMOR

Características

Quem fala no poema é um homem, que se dirige a uma mulher da nobreza, geralmente casada. Esse amor se torna impraticavel pela situação da mulher. O homem sobre, coloca - se numa posição de vassalo, isto é, de servo da mulher amada. Ele cultiva esse amor em segredo , sem revelaro o nome da dama, que nen sabe dos sentimentos amorosos do trovador. Ele a coloca num plano elevadíssimo, ideal. Nesse tipo de cantiga há a precensa de refrão que insiste na idéia central, exaltando um amor sem correspondência.

Exemplo de cantiga de amor

A Ribeirinha

No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vay
ca ja moiro por vos - e ay!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraya
quando vus eu vi en saya!
Mao dia me lenvantei,
que vus enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di' ay!
me foi a mi muyn mal,
e vos, filhja de don Paay
Moniz, e bem vus semelha
d'aver eu por vos guarvaya
pois eu, mia senhor d'alfaya
nunca de vos ouve, nem ei
valia d'ua correa.

Vocabulario:

Perelha: igual, semelhante
Mentre: enquanto, entrementes
Ca: pois, porque
Mia senhor: minha senhora
Tetraya: Retrate, evoque
Que vus enton non vi fea: o autor quis dezer: "que então vos vi linda"
Semelha: parece
Guarvaya: Manto escarlante próprio dos reis
Alfaya: presente, jóia
Ouve: tive, recebi
Ei: tenho

Autor: Paio Soares de Traveirós

CANTIGA DE AMIGO

Características

O trovador coloca como personagem central uma mulher solteira, da classe popular. Pela boca do trovador, ela canta a ausencia do amigo ( amado, namorado ) que está afastado a serviço do rei, em exepedições ou em guerras. Nesse tipo de poema, amoça conversa e desabafa seus sentimentos de amor com a mãe, as amigas, as árvores, as fontes, o mar, os rios, etc. É de caráter narrativo e descritivo.

Exemplo de cantiga de amigo

_ Ai flores, ai flores do verde' pino,
se sabedes novas do meu amigo ?
Ai, Deus, e u é ?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado ?
Ai, Deus, e u é ?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo ?
Ai, Deus, e u é ?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do eu m'a jurado ?
Ai, Deus, e u é ?

_ Vós preguntades polo voss'amigo ?
E eu ben vos digo que é san'e vivo.
Ai, Deus, e u é ?

_ Vós preguntades polo voss'amado ?
E eu ben vos digo que é viv 'e sano.
Ai, Deus, e u é ?

Vocabulario:

Pino: Pinheiro
Sabedes: Sabeis
Novas: Notícias
Amigo: Namorado
U é: onde está ele
Pôs: Combinou
San: São
Sano: São

CANTIGA SATÍRICA

Características

Ora se chama cantiga de escarnio, ora de maldizer. Esse tipo de cantiga procura satrizar ( redicularizar ) pessoas e costumes da época. Alguns poetas, em seus ataques agressivos, chegavam a utilizar uma linguagem de baixo nível ( chula ).

Exemplo de cantiga Satirica

Conheci uma donzela
por quem trovei e a quem um dia
chamei Dona Berinjela ?
Nunca tamanha porfia
vi nen mais disparatada.
Agora que está cansada
chaman-lhe Dona Maria.

Algo me traz enojado,
assim o céu me denfenda:
um que esta a bom recato
( negra morte o surpreenda
e o demônio cedo o tome! )
quis chama-la pelo nome
e chamou-lhe Dona Ousenda.

Pois que se tem por formosa
quanto mais achar-se pode,
pela Virgem gloriosa!
um homem que cheira a bode
e cedo morra na forca
quando lhe cerrava a boca
chamou-lhe Dona Gondrode.

Vocabulario:

Porfia: Discussão
Recato: Cautela
Cerrava: Fechava

Autor: Dom Afonso Sanches